O amor não morreu

O amor não morreu - apesar de morrer todos os dias. Mas hoje à tarde, perdido por entre livros e verbos em francês, o amor apareceu no arrepiar dos pêlos e nos olhos de alguém que talvez tenha o perdido em alguma mesa de bar.

- Eu vou me casar. - Disse a menina morena ensaiando uma voz meio-séria meio-extasiada.
- Mas é já-já, não é? Então corra senão não dá tempo. - A professora reforçou.
- Dá sim. Eu e ele guardamos dinheiro pra isso desde os três meses de namoro, porque já sabíamos que iríamos ficar pra sempre juntos.

(silêncio)

Isso mesmo: um silêncio doce e profundo.
Dos olhos da professora, que vira a mexe solta algumas frases cheias de um grito típico de quem não sente a mínima necessidade de se dividir em alguém, saíram algumas pequenas lágrimas que não chegaram a cair no rosto, mas encheram o olhar de uma esperança bonita, uma não-morte desse amor que insistem em matar todo dia.
O amor - essa palavra. Troço complicado, que bate e afaga ao mesmo tempo. Eu digo que depois dessa tarde o sinto melhor aqui ao lado, repousado leve sobre o canto esquerdo do coração. E vou dormir acreditando que a lágrima que quase caiu dos olhos da professora foi o sinal de que em algum canto dela ele ainda pulsa e não morre nunca por nunca deixar de viver em lugares que às vezes a gente ainda desconhece.

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