Água para viagem

eu te doo a minha apatia
jogo os cinzeiros sobre a mesa
até os estilhaços
vidro, baganas
e meus pés em falso

eu desvio meu pensamento
 pisando em cacos
mofando a toalha na cabeça
cinzenta
afogando banhos frios.

eu me ofereço pálida
meu amor atordoado
que se queima à
              boca
              do bule
retinta.

eu me concedo ansiosa
guardando dos
livros os trechos que
              me podam
rasgando poemas pela metade
permanecendo chuva
              turva
                  e tua.

Água para viagem - Lorena Martins

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