Alan Pauls, seu filho da puta


“De que em matéria de sentimentos não há como estabelecer limites rigorosos, não há fim, nada nunca termina realmente, tudo permanece dependente, indefinido, em estado de espera, e mesmo no caso de uma relação que termine, no sentido de que se rompa e cada membro seja ejetado numa direção diferente e tudo aquilo que possam ter compartilhado se dilacere e se divida em duas metades irreconciliáveis, mesmo neste caso, por mais um ou ambos reivindiquem o rompimento no momento mesmo em que ele se consuma, justificando-os com fatos, causas, argumentos convincentes, nenhum dos dois jamais terá condições de saber positivamente se isso, a cujo fim dizem assistir, termina de verdade ou só faz uma pausa para entrar em outra fase, por exemplo, de latência.”

(O passado, de Alan Pauls, p. 453)




Guia ilustrado das memórias de 2013

Um filme: Frances Ha

Outro filme: Antes da meia-noite

Uma série: Orange is the new black

Outra série: Girls (2ª temporada) [o gif é da primeira temporada, mas achei de extrema relevância]

Um disco: If you wait - London Grammar

Um show que não fui: Cat Power

Um livro de 2013: A maçã envenenada, do Michel Laub

Outro livro de 2013: Todos nós adorávamos caubóis, da Carol Bensimon

Mais um livro de 2013: Ligue os pontos - poemas de amor e big bang, do Gregorio Duvivier

Um livro de poemas de outro ano, lido em 2013: Água para viagem, da Lorena Martins

Um livro de outro ano, lido em 2013 (e a leitura mais dolorida dos últimos tempos): Lavoura arcaica, do Raduan Nassar  [falha de caráter grave não ter lido antes]

Outro livro de outro ano, lido em 2013: O passado, do Alan Pauls

Um livro que não saiu da minha cabeceira: José e Pilar, do Miguel Gonçalves Mendes

Um escritor: valter hugo mãe

Edição mais bonita de todos os livros lidos em 2013: O passado, do Alan Pauls

Um cidade: Berlim

Outra cidade: Paris

Mais uma cidade: Lisboa


Um lugar: Castelo dos Mouros


Outro lugar: gramado em frente à Catedral de Berlim



Uma sorveteria: Bacio di latte (São Paulo)

Um restaurante: La Flauta (Barcelona) [sem foto por motivos de: sangria, mas indico fortemente]

Outro restaurante: Casa de Santo Antônio (Porto) 

Um presente: Cléo 

Um vício: caderninhos

Uma companheira de viagem: 


Um ano: 2013 <3

Sobre abajur e finais de ano

Tenho um abajur vermelho no criado-mudo. Toda madrugada ou manhã eu o derrubo sem querer, porque aparentemente ele é muito alto e sem uma base larga pra se safar da minha descoordenação ao verificar atualizações no celular.
Em que momento, aliás, passou a ser ok conferir atualizações no celular de madrugada? Acordo pra fazer xixi, abro o instagram, confiro os emails. Só spam. E descontos mágicos do submarino que fizeram com que eu comprasse uma caixa de livros que não vou ter tempo pra ler, ou, mais provável, que vou fingir que não tenho nada pra fazer pra ter tempo pra ler. Esse é o grande problema de estudar literatura. Você fica meio que impedido de ler literatura. O que é um grande e absoluto mal entendido.
Além de derrubar abajur toda madrugada, acabei de assistir 14 episódios de new girl seguidos, só parando pra comer pizza - isso talvez explique o fato de eu ter engordado 10 kg em 10 meses. E continuando.
Fim de ano é uma merda. Tenho vontade de limpar a vida toda, esvaziar armários, gavetas e prateleiras. Tudo parece estar no lugar errado. O quarto é pequeno e quente, os postais fazem curvas porque não estão presos nas quatro extremidades, os quadros caem das paredes por conta do meu TOC em nunca pendurá-los com pregos, e sim com fita adesiva que não funciona. Na pior das hipóteses, ainda temos pizza. O que é absolutamente ótimo.
23:41 de uma sexta e eu estou chapada de neosaldina e ainda me recuperando no Natal. Nunca chorei tanto. Mentira, já chorei, sim. Mas chorei consideravelmente no dia 24 de dezembro. Só parou quando me disseram: “apenas pare, o Natal acabou nos anos 90”. E isso fez um sentido enorme.
Odeio natal desde 1995, quando pedi uma boneca gloob gloob, que bebia suco e fazia xixi, e ganhei a bebê dentinho, que saltava os dentes de baixo quando alguém apertava sua mão esquerda - que tipo de pessoa compra um presente desses? Papai Noel acabou aí. Natal também. Minha mãe abriu o jogo: “É, Papai Noel não existe mesmo, eu deixei pra ir na loja na véspera e só tinha essa. Achei que ia gostar”. Nunca relei na boneca. A partir daí, open de drama na ceia e na vida. Merdas na primeira infância: só com muita psicanálise pra resolver.
Já já é ano novo, mais bad. Mas com um pouco menos de intensidade depois que descobri as bebidas alcoólicas (e isso já faz um tempo). Dia 2 de janeiro, quando tudo parece voltar ao normal, sempre me dou conta de que acaba de começar meu inferno astral. O que faz tudo ser bad outra e outra vez.
Vim escrever agora, nesse ano em que escrevi tão pouco, para simplesmente evitar o término de um livro que estou gostando muito. E dizer isso parece meio deslocado, mas é isso que tenho feito a vida toda: deixando de fazer as coisas das quais eu gosto muito pra que elas  durem mais. O que não faz nenhum sentido. Mas é assim: tenho timing errado pra vida. 
Talvez isso não seja verdade. Essa coisa de ter timing errado e coisa e tal.  A verdade única e incontestável é que eu sou uma reclamona incurável que não sabe muito bem o que fazer além de sofrer um pouco ouvindo London Grammar nesse 2013 que foi tão bom comigo.  Provavelmente vou continuar assim no próximo ano - neurótica grave e um pouco melancólica. Espero que escrevendo mais.


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